Consultando um dicionário descobri que vontade é uma faculdade do querer, e embora o dicionário diga que vontade é sinônimo de desejo, me vejo em um paradoxo entre vontade e desejo. Para mim, neste momento, são diferentes. Vontade é querer, é escolha, é decisão. Desejo é mais intenso, mas não mais profundo. Desejo é aspiração, ambição, vontade de possuir, e como já defini neste termo, desejo é possessivo, animal...
Andei analisando outro termo: consciência. Consciência é a percepção do que se passa em nós e à nossa volta, é a capacidade de julgar a moralidade de nossas próprias ações. Acabei (ou acabo) de viver um terrível paradoxo. Vontade X desejo, vontade X consciência, desejo X consciência. Como já citei, neste momento vontade e desejo estão bem distantes para mim. Argumentando isso melhor posso dizer que vontade são os fundamentos, algo sólido. São ideais plantados e bem regados que viraram grandes árvores. Já o desejo, como algo animal, vem tentando devorar algumas raízes destas árvores que, infelizmente, ficaram pra fora. Desejo é possessivo, e devagar consegue se apossar dos fundamentos que, embora sólidos, recebem grande impacto.
Usando uma metáfora podemos trazer ao exemplo um muro. Se uma pessoa constrói um muro bem alicerçado, com um bom concreto, esse muro dificilmente será derrubado. Aí o dono do muro ao terminá-lo passa duas ou três demãos de tinta e então está pronto para cumprir seu papel de muro.
Mas existe uma forma de atingir esse muro mesmo sem derrubá-lo. Podem vir pichadores, pintores e sujar esse muro. Podem colar cartazes, bater pregos, e mesmo de pé esse muro já não é mais o mesmo. O muro, a vontade, os fundamentos continuam lá, mas os desejos, os cartazes, a tinta, vieram para atingir o muro.
Mas onde entra a consciência na história? Aí é que está. Podemos dizer que a consciência é a dona do muro? Acho que sim. Se consciência é a percepção do que acontece em nós e à nossa volta, então ela se encaixa. O dono do muro queria que ele fosse lindo, mas ele mesmo bateu um prego pra pôr um varal de roupas; não queria que ele ficasse sujo, mas não pôde impedir que forças externas pintassem o muro.
Eis o dilema: Seria a consciência a capacidade de julgar nossas próprias ações? Acho que sim. Mas até que ponto essa capacidade de julgamento está ativada? Até que venha o pesar de ver alguém pixando nosso muro? Ou antes, quando percebemos que nós mesmos colocamos um prego lá?
Só posso dizer que o alicerce continua o mesmo, mas o muro, esse mudou. E muito.
08/04/2007
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